“BIBLIOTECONOMIA No status do profissionalismo”

terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Fonte: Inforbiblio
Já em 1935, ORTEGA Y GASSET, dizia; “... que a missão do bibliotecário será, não como até agora, a simples administração da coisa-livro, mas o ajuste, a mise au point, da função vital que é o livro.”
   Estudar o bibliotecário como profissional, se faz imperativo apresentar uma definição básica do que seja profissão. Segundo Cunha, “profissão é uma atividade que o indivíduo exerce permanentemente, institucionalizada por normas que protegem sua unidade e continuidade”.
   Entretanto, para chegar a este caráter de formalização, o fazer humano passou por uma longa evolução histórica. Para Ortega y Gasset, o homem em cada instante de sua vida se encontra diante de diversas possibilidades de fazer e ser, e somente ele, sob sua responsabilidade, pode optar por uma delas, e, ao fazê-lo, delineia-se sua vocação. Especificamente, com relação à biblioteconomia, esta vocação do indivíduo emerge a partir do momento em que ele, em não se contentando apenas em se deleitar lendo os livros, opta também por colecioná-los e ordená-los. Esta decisão para colecionar e ordenar constitui, portanto sua vocação. Deve-se, entretanto, observar que esta vocação representa uma peculiaridade muito pessoal, extinguindo-se com a morte do indivíduo.
   Com o passar do tempo, colecionar e organizar documentos deixou de ser um comportamento individual, passando a trabalho independente do indivíduo, trabalho este solicitado e mantido pelas necessidades próprias da sociedade. Surge então, por solicitação da sociedade, a profissão, isto é, o fazer humano formalizado pela necessidade social. Parece importante salientar desde logo que, sendo essa necessidade social variável e evolutiva, também a profissão dela derivada resulta num objeto variável e evolutivo, alvo de constantes indagações e reformulações que favorecem sua sobrevivência.

   A literatura consultada sobre profissionalismo sugeriu a existência de dois enfoques para o estudo da BIBLIOTECONOMIA como profissão. Autores como Shaffer, Goode, Ennis, no inicio do anos 60, e Vagianos, North e Dewesse, nos anos 70, classificaram a biblioteconomia como uma ocupação à procura de profissionalização. A inclusão da biblioteconomia no rol das profissões se daria a partir da progressiva incorporação de características já visíveis em outras profissões estabelecidas, tais como Medicina, Direito ou Engenharia. 

Entre estas características: 
  • - elaboração de código de ética;
  • - criação de associações profissionais 
  • - elaboração de currículo acadêmico 
  • -  prolongado treinamento especializado;
  • - desenvolvimento de corpo de teoria;
  • - volume significativo de publicações;
  • - monopólio de trabalho assegurado;
  • - fornecimento de serviço distinto à comunidade;
  • - aceitação da autoridade profissional por parte da comunidade;
  • - prerrogativa de julgamento de trabalho de seus próprios membros;

The Beatles
   Entretanto, segundo Asheim, a adoção destas características, que conferiam à biblioteconomia o caráter de profissão, também sugeria o caráter de classe fechada, monopólio, elite e neutralidade, características que passaram a ser consideradas falhas e não virtudes, a partir da contestação à ordem e aos valores estabelecidos, que caracterizou a movimentada década de 60. Nesta época, em que os profissionais viam-se preocupados com o bem-estar das pessoas e com as mudanças sociais necessárias para alcançar aquele objetivo, a estrutura formada pelas caraterísticas profissionais tradicionais se tornava estática e incompatível com a preocupação da “orientação profissional centrada no usuário”.

   Desta maneira, a posição que afirma ser a biblioteconomia uma profissão baseada na adoção de características “comuns” a outras profissões foi substituída pela corrente que afirma a biblioteconomia torna-se profissão através da incorporação de valores como autoridade, autonomia, criatividade, dinamismo, disposição para mudança e consciência social.

   Esta transformação nas características que são associadas à profissão conduziu a novas atitudes profissionais, exigindo um “envolvimento emocional e pessoal do bibliotecário nas necessidades de seus usuários. A preocupação com o usuário, bem como com a própria satisfação auferida pelo trabalho profissional, é geradora de melhores serviços. 

   Os dois enfoques aludidos, referentes às características associadas à profissão, contribuíram para questionar o status e a validade da biblioteconomia como profissão, na medida em que eles permitiram identificar as tendências dominantes em diferentes épocas.

OLIVEIRA, Zita Catarina Prates de. O bibliotecário e sua auto-imagem. São Paulo: Pioneira ; Brasília: INL, Fundação Nacional Pró-Memória, 1983. 

                                                                                                                                                    R. Soares

2 comentários:

Rose Marques disse...

Olá Pessoal, boa tarde! Que legal ver uma das foto que eu personalizei aqui neste post. Gostaria de informar que o nome do meu blog está incorreto. O certo é "INFORBIBLIO" Obrigada!

Acesso Hot disse...

Prezados(a), feita a correção para inforbiblio, boa noite! Grato!

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